Vá trabalhar. Vá namorar alguém que goste de você pelo que você é e não pelas suas presepadas juvenis. Você que faz rachas na rua.
Se tem menos de 18 anos, é um bobalhão com titica de galinha na cabeça. Na sua infinita idiotice, acredita que seduzirá as meninas caso roube o carro do pai ou – pior! – roube qualquer carro a fim de voar pelas avenidas. Pensa que é assim que irá se transformar em um adulto: desafiando o perigo. Criança, vá estudar. Vá trabalhar. Vá namorar alguém que goste de você pelo que você é e não pelas suas presepadas juvenis. Não dê motivo para seus pais se arrependerem de ter trazido você ao mundo. Vire homem, e não um bandido. Tem gente que pode morrer por sua causa. Sua estupidez não lhe deixa ver.
Se tem mais de 18 anos, também é um bobalhão com titica de galinha na cabeça, igualzinho à criatura do parágrafo acima, incluindo a infantilidade.
E se tem 39 anos, 52 multas, uma carteira de habilitação suspensa, 10 cervejas na corrente sanguínea e um carro possante em mãos, aí não há o que explique. Fazer um racha nessas condições? É bem grandinho para prever as consequências de seu vício em adrenalina. E deveria estar a par de outras atividades que resultam em bastante emoção: saltar de paraquedas, surfar, escalar montanhas, fazer trekking, rafting, rali, mergulho, balonismo, bungee jump. Até jogar truco provoca certa palpitação.
Mas se nada disso interessa, se o sujeito encasquetou com o automobilismo, trago boas notícias: existe um autódromo bem pertinho de Porto Alegre, em Viamão. Chama-se Tarumã, que dias atrás completou 56 anos de existência. A pista tem extensão de mais de três quilômetros, nove curvas e o asfalto foi todo recapado. É o circuito com a maior média de velocidade do Brasil. O site traz toda a programação – de repente você consegue se inscrever em alguma categoria de corrida. Não sai barato, mas posso garantir que gastará bem menos do que com advogados e indenizações por lesões corporais graves.
Ah, lá tem um kartódromo também. Parece que custa R$ 85 por pessoa ou algo assim. Você coloca um capacete, pisa fundo no acelerador e não ameaça a vida de nenhum pedestre e de nenhum outro motorista.
Não serve? Tem que ser roleta-russa? Tem que ser algo bem irresponsável, uma cretinice daquelas? Entendi. A busca é por uma emoção realmente diferenciada, como ir para a cadeia.
Se você é um desses que faz racha pelas ruas da cidade, abra o olho enquanto é tempo. A estupidez está cegando você. Depois não adiantará alegar que não viu nada.
Jornal Zero Hora - 24 abril 2016
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