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sábado, 10 de março de 2012

Martha Medeiros - Jornal Zero Hora - 11/03/2012


Fidelidade feminina 

Peguei a conversa pela metade, mas não pude deixar de acompanhar até o final. Ninguém resiste a escutar uma mulher confidenciando um segredo a outra. 

– Desde quando isso está acontecendo? – Ainda não está acontecendo, mas vai acontecer em breve. 

É horrível ter que traí-lo, nunca me imaginei nessa situação. A gente sempre se deu tão bem. Mas sinto que chegou a hora do meu turning point. – Você conheceu outro? 

– Uma colega me apresentou. Fiquei fascinada. Tão solto, tão moderno. 

– Procura resistir, Marília ! Afinal, você construiu uma relação sólida de.. quanto tempo mesmo? ] 

– Dezessete anos, acredita? E nunca olhei para o lado, sempre com ele, fiel como uma labradora. 

Hoje é meu melhor amigo. Muito além do que qualquer outra coisa. 

– E você vai arriscar perder essa cumplicidade por causa de uma tentação? 

– Rê, chega uma hora em que é preciso mudar. Eu vou fazer 50 anos. Olho todos os dias para o espelho e enxergo a mesma cara, a mesma falta de brilho. 

Estou envelhecendo sem arriscar nada, sem experimentar algo diferente, nunca. Me diz a verdade: você acha que ele irá suportar? 

– Tá brincando! Você pretende contar a ele??? – Ele vai reparar, né? Lógico. 

– Não precisa falar nada, mulher! Se você for discreta, ele não vai descobrir. 

– Só se eu trocasse de cidade, Rê. Ele vai ficar sabendo no mesmo dia. Você sabe como as fofocas voam. 

- Se você pretende fazer essa besteira mesmo, melhor pensar nas consequências. A não ser que ele seja muito bem resolvido. 

- Quem é bem resolvido numa hora dessas? Ele vai querer me matar. Vai me chamar de traíra pra baixo. Vai se sentir um lixo de homem. 

- ai Marília. Pra que inventar moda a essa altura do campeonato? Claro que às vezes também fico a fim de experimentar uma novidade, quem não fica? Mas, por outro lado, é tão bom não precisar mentir, não ter que criar desculpas... 

Uma amiga minha fez essa bobagem e conseguiu ser perdoada porque garantiu que tinha acontecido uma vez só, e em Nova York! O cara engoliu, mas a relação está estremecida até hoje, nunca mais foi a mesma. 

- eu sei, eu ei só que não aguento mais usar o mesmo corte há 17 anos. Estou decidida, Rê. Vou trocar de cabeleireiro. Se me arrepender, assumo as consequências. Não suporto mais ficar refém de uma situação que é cômoda, mas que não me revitaliza. 

- Então só posso te desejar boa sorte, amiga. Voou te confessar uma coisa, mas não espalha: eu adoraria trocar minha manicure por outra novinha que recém entrou no salão. Me diz se tem cabimento isso. Já troquei de marido três vezes, e não tenho coragem de deixar a Suely. 


Jornal Zero Hora - 11 março 2012
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