Um toque da Tailândia
Passei os últimos 21
dias realizando um sonho antigo: conhecer a Tailândia e, de quebra, dar um
pulinho no Camboja logo ali ao lado – ainda que seja um disparate falar em
“logo ali” ao referir-se à Ásia. Acompanhada do grupo seleto comandado pelas
gurias do Viajando com Arte, vivi em três semanas o que nunca imaginei possível
em menos de três vidas: fiz desde um safári de elefante até rafting de jangada,
fui de mergulho em alto-mar a passeio de barco por aldeias flutuantes, de luau
na beira da praia a cerimônia de bênção de um monge, sem falar na apimentada
aventura gastronômica e no impacto de conhecer os templos de Angkor montada
numa bicicleta. Cada dia parecia possuir 40 horas, exatamente o que se deseja
quando se está num ritmo frenético de trabalho, com a vantagem de o trabalho
ter sido deixado pronto antes.
Os detalhes ficarão para a segunda parte de Um Lugar na Janela, relatos
de viagem que um dia voltarei a publicar. Por
ora, sendo o espaço curto, saliento o reencontro com algo que se tornou raro entre nós: a delicadeza.
O Oriente não grita. O Oriente sussurra.
Além de usarem um tom de voz absolutamente relaxante para nossos
ouvidos estressados, nunca vi tantos sorrisos
em rostos estranhos. As pessoas sorriem o tempo todo umas para as outras. Por
nada. Por tudo. Trabalham sob um calor massacrante e ainda assim não se emburram, não perdem a
compostura, não passam a mão na testa, parece que nada que é externo os atinge. O
ar-condicionado funciona por dentro. A alma é que é climatizada.
Até mesmo no apressado e
caótico trânsito de Bangcoc, a coisa se resolve sem buzina.
Pessoas viajam pelo
mundo para conhecer monumentos, comer, comprar. A atenção geralmente é voltada
para o que se pode fotografar com a câmera e administrar com o bolso. A
Tailândia e o Camboja são realmente fotogênicos. Quanto às compras, o mundo
virou um supermercado gigante e o que se comercializa lá é vendido aqui também,
compra-se mais por impulso do que pela novidade. O que não se globalizou
(ainda) é o espírito do lugar, e isso é que verdadeiramente encanta: a
reverência que não é submissão, mas respeito. O silêncio que não é timidez, mas
educação. E flores e cores em abundância, que traduzem a importância do mínimo
essencial: a beleza que não é vaidade, mas manifestação de amor à vida.
Impossível não voltar
tocada
Jornal Zero Hora - 27
novembro 2013
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