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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Martha Medeiros está de férias. Esta entrevista foi publicada na página oficial da autora, no dia 31 de janeiro de 2015,

"Férias! Chegou minha vez. Antes de partir, deixo aqui uma entrevista que dei para o Grupo Glamurama. O assunto foi felicidade, o que encaixou com o momento: se tem uma coisa que me deixa feliz é preparar a mala e pegar a estrada. Mando notícias de onde eu estiver. Beijo!"

ENTREVISTA c/ Martha Medeiros

- O que é felicidade?
Cada um define felicidade a seu modo. Há quem se agarre ao trinômio amor, saúde e dinheiro, que é uma benção, mas nem sempre basta. Felicidade tem mais a ver com o espírito do que com posses, mais com desprendimento do que com conquistas. Woody Allen tem uma frase genial. Diz ele: “Eu gostaria de fazer um grande filme, desde que isso não atrapalhe minha reserva para o jantar”. Claro que ele já fez grandes filmes, mas o cara sabe o que importa na vida. Para mim, pessoalmente, felicidade é estar em movimento. Com os dias se renovando e surpreendendo, estou feliz, mesmo quando triste. A paralisia é que me deixaria infeliz.
- O que te faz feliz?
Milhares de coisas que aos outros podem parecer pequenas. Descobrir uma banda nova para baixar no Ipod, um filme sensacional, boas risadas com as amigas, flertes, praia, shows, ter publicado um texto que as pessoas curtiram bastante, ir pra cama com um livro que estou adorando... E tem as alegrias supremas, como estar apaixonada.
- Por que a tristeza é importante?
Para se conectar com nossas fraquezas, para resgatar nossa humildade, para lembrar como funciona a engrenagem dessa montanha-russa que é a vida.
- Existe hoje uma pressão para ser feliz?
Existe, mas as pessoas precisam entender que estar feliz não é dar bom dia para poste, não é fazer o jogo do contente por 24 horas. A felicidade é um estado mental que não necessita ser externado através de atitudes efusivas. É a compreensão serena das nossas possibilidades e impossibilidades, é a negociação interna que fazemos para não se autoboicotar, é não entrar em pânico com o fato de estarmos aqui de passagem e fazer valer a pena essa jornada, em vez de desperdiçar tempo e energia com brigas, queixas, agressões, competições.
- Quais fatores são mais determinantes para a felicidade? É possível ser feliz sozinho? Dinheiro não compra felicidade, mas ajuda?
Pode parecer esquisito, mas ter uma relação amistosa com a ideia da morte ajuda muito. A morte é um balizador e tanto. Não a de nossos filhos, pais, amigos – isso é uma tragédia mesmo. Mas a consciência tranquila da nossa própria morte pode ser extremamente benéfica para que a gente dimensione corretamente o que vale e o que não vale nessa vida. A maioria das coisas que nos acontecem são besteiras. A mim, ao menos, a única coisa que verdadeiramente interessa é a condição humana, os sentimentos. Dinheiro é ótimo – ótimo!!!! – mas ter um grande amor é a verdadeira loteria (amor mesmo, não bengala emocional). Porém, claro que também dá para ser feliz sozinho, os períodos de entressafras são igualmente vibrantes, divertidos.
- Somos capazes de lidar com a infelicidade?
É obrigatório lidar com a infelicidade. Não há quem não passe por momentos ruins, fases em que nada dá certo... É preciso saber extrair disso algo que nos fortifique e nos torne pessoas mais maduras. A infelicidade é uma contingência, não é definitiva, assim como a felicidade também não é. Precisamos aceitar que tudo é transitório. Há quem entre na esparrela de achar que uma vida triste tem mais glamour, é mais profunda, inteligente... De fato, o sofrimento é mais lírico que a alegria, mas, na vida real, esse lirismo não me consola. Sofro porque faz parte da vida sofrer, mas não condecoro minhas lágrimas. Prefiro buscar as ferramentas disponíveis (as minhas: budismo, livros, amigos, astrologia, pilates, viagens, música, cinema, natureza) para manter a roda girando e honrar esse presente que é estar vivo.

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