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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021


“é um

processo lento

desembrutecer

 

exige que você abra as portas

e deixe escorrer o gosto denso do passado

su trauma não diz mais seu nome

mas você segue abraçando a escuridão

porque acredita que só ali pode caber

deixe escorrer, agora e novamente

 

repita:

o afeto também

me pertence

 

muita gente vai te questionar

perguntar o porquê desses tantos freios

pra se dividir, pra confiar, pra fazer da entrega

crescente e constante

coração não desaparece

regenera, pede prece e paciência

 

repita:

o afeto também

me pertence

 

a noite é pesada, eu sei

a madrugada come seu fôlego

você desconversa quando perguntam se está tudo

bem

acredita que cura são os muros

quando na verdade cura é desmoroná-los

nem tudo que cai é sinônimo de choro

às vezes é fúria de mudança

você precisa permitir essa queda

porque você foge até dos seus próprios passos

e você tem deixado um legado tão bonito

no mundo, sabe?

olhe rapidamente para o seu corpo agora

não busque significados

acenda o sol sem questionar seu brilho

faz mais sentido assim

 

e repita:

o afeto também

me pertence

 

esse poema não é sobre ferida

é sobre sonho

é sobre se estranhar

já que faz tempo que você não se vê

você sabe que no fundo

queria conseguir não se nutrir

somente de redomas

há muitas maneiras pra ser aço

e há muitas outras pra ser rio

ou areia, ou vento, ou lua

esse fogo que sobe as entranhas

não se chama desespero

se chama vida

ela ainda está aí

e está devolvendo

tudo aquilo que é teu

 

repita:

o afeto

sou eu.”




(Ryane Leão - aqui)

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